terça-feira, 4 de setembro de 2007

Só o que trabalha tem pão?


A propósito do provérbio "Só o que trabalha tem pão" (lembrando também Kierkgaard) verificamos, sem qualquer dúvida, uma grande incongruência no que se refere à sua aplicabilidade na esfera do nosso mundo. Nos dias de hoje, seria mais correcto o provérbio "Tem pão o que trabalha e o que não trabalha". Aqueles que não trabalham conseguem de igual forma o pão necessário. Infelizmente, é tudo uma questão de ludibriar o sistema já tão viciando. Assim, o médico passa baixas a quem não está doente, o doente que não está doente, finge-se doente e não vai trabalhar. O desempregado, que inicialmente ficou muito triste por se ver naquela situação, entretanto já não quer outra coisa senão usufruir de um vencimento sem trabalhar... Entretanto, os cidadãos andam todos muito ocupados e distraídos, pensando naquilo que a comunicação social lhes dá, como futebol, desaparecimento de crianças, assaltos... São uma espécie de homens de negócios como aquele que encontramos no "Principezinho" de Saint-Exupéry, enterram a cabeça nos números, contas e superficialidades, querendo tornar tudo rentável. No meio desta azáfama, esquecem a imaginação, deixam de ser crianças e acreditam ser pessoas melhores porque não dizem parvoíces nem constroem castelos no ar. Quais as consequências disso? Vale a pena pôr o pé na rua e observar.

3 comentários:

Prof. Carlos Vaz disse...

a imaginação não é "pão", mas tem fermento e alimenta o estômago pensante. Infelizmente os castelos no ar não interessam às imobiliárias da vida e do poder... o melhor é calar-me, hoje só falo com metáforas e ainda não fui à padaria...

Leonor disse...

Um escritor nunca perde a imaginação, sobretudo um escritor como tu. Conheci a tua obra recentemente, quer dizer, foi um amigo cá de Coimbra que me emprestou o Capricho 43, aliás também foi ele que me falou do teu blog que tento visitar sempre que posso.Sei que escreveste outros livros, mas ainda não os consegui encontrar. Relativamente àquele que li, devo dizer que não é um livro qualquer, foi um dos melhores que li ultimamente. Por isso, não acredito que, quem escreveu um livro daqueles, não vá à "padaria" todos os dias.Obrigada por visitares o meu bloh ainda embrionário.

Prof. Carlos Vaz disse...

a melhor divulgação de um escritor não são as livrarias nem as editoras nem a comunicação, mas sim a "mão do leitor"... agradeço ao teu amigo, bem como as tuas palavras que tanto me envaideceram...
Quanto ao blog, todos os dias tenho estado cá dentro...