Mercado Ferreira Borges

Os livros regressam ao Mercado Ferreira Borges. Por isso, de 30 de Agosto a 16 de Setembro, poderemos encontrar livros de todos os géneros e vendidos a preços simbólicos. Como não podia deixar de ser, Miguel Torga é o autor escolhido para presentear, com uma das suas obras, os primeiros visitantes. Eu vou lá estar de certeza.

Fim-de-semana combina com arte

François Dufrêne (1930-1982)

Agora que se aproxima o fim-de-semana, vale a pena alimentar os átomos da imaginação através de uma visita ao Museu de Serralves. Estive lá e aconselho, pois revisitei alguns trabalhos de Luisa Cunha e apreciei bastante os trabalhos de Harald Klingelhöller que se distinguiram pelas esculturas extremamente originais criadas numa mistura de materiais suigeneris, como papel, cartão, aço, pedra... Porém, a exposição que mais apreciei é da autoria do artista François Dufrêne (um dos artistas mais relevantes do contexto francês do pós-guerra). Esta exposição merece especial atenção, na medida em que é a primeira retrospectiva do seu trabalho apresentada fora de França, juntando pela primeira vez os avessos de cartazes com o trabalho sonoro e fílmico.

Marido e Outros Contos

É de um pequeno ponto que parte aquilo que, por vezes, parece ser uma pequena ferida no real e que, quase sempre também, se apresenta sob a forma de um enigma: gestos, traços de uma personagem transformada em pura acção e alimentados por uma energia profunda, que vai traçando a história numa exemplar concentração de efeitos. São gestos misteriosos, manifestações bizarras, como que à procura de um sinal, de um sentido, impulsos de uma intensidade desordenada ou campanhas obstinadas à espera de uma revelação. É esse movimento que determina as personagens e também o comportamento, bastante carregado de nuances, das vozes que narram, quase sempre omniscientemente. Vozes cúmplices, com variadas modalizações e tonalidades irónicas, que não só sublinham e expandem esses gestos cegos como, sobretudo, indicam um projecto de denúncia que subjaz a toda a encenação narrativa: a beleza e o bem, tal como a escuridão e o mal, estão, de alguma forma, ocultos, são a perdição das figuras, mas também o que determina a sua sobrevivência em vários territórios de afirmação, o seu único retrato.

José Nobre da Silveira

Mais uma descoberta da NASA

O telescópio espacial Spitzer (Space Infrared Telescope Facility), da NASA, detectou, num sistema planetário em formação, uma quantidade de vapor de água suficiente para encher cinco vezes os oceanos da Terra, anunciou hoje a agência espacial.
Em comunicado, o Laboratório de Propulsão a Jacto, da NASA, explica que estas são as primeiras observações directas da forma como a água começa a fazer parte dos planetas, inclusivamente dos rochosos, como a Terra."Pela primeira vez, estamos a observar como a água aparece numa região onde provavelmente se formam planetas", disse Dan Watson, astrónomo da universidade norte-americana de Rochester e autor de um estudo sobre o sistema, identificado como NGC 1333-IRAS 4B, a mil anos-luz da Terra, na constelação de Perseu.Segundo os especialistas da NASA, o vapor de água tem origem numa nuvem central do sistema e cai sobre um disco de poeira estelar, que seria o material da formação inicial dos planetas."À Terra, a água chegou na forma de asteróides e cometas de gelo. A água também existe como gelo nas densas nuvens que formam as estrelas", disse o astrónomo norte-americano."Agora vimos que a água, que cai na forma de gelo de um sistema estelar jovem, evapora-se, para depois se congelar novamente e se transformar em asteróides e cometas", acrescentou Watson. "Conseguimos detectar uma fase muito especial na evolução de uma jovem estrela, na qual o material da vida avança dinamicamente rumo a um ambiente no qual se podem formar planetas", disse, por sua vez, o cientista da missão do Spitzer nos escritórios do JPL, na Califórnia, Michael Wenero.

Jornal Público, 30 de Agosto, 2007

a nuvem fragmenta-se

e o céu volta a ficar só

O Choro é um Lugar Incerto

Rui Nunes sempre se destacou pela originalidade relativamente à disposição e conteúdo dos textos que escreve. Desta vez, é uma exposição fotográfica que que serve como ponto de partida para o texto literário. "O choro é sempre um lugar incerto" acompanha, assim, a exposição fotográfica "Far Cry", de Paulo Nozolino. O escritor não se limita a fazer uma análise crítica, como à primeira vista seria de esperar. Em vez disso, cria um território ficcional onde recupera a pequena história do indivíduo e mergulha na grande história das atrocidades das guerras do último século.

É uma obra que vale a pena ler, como aliás todas as outras do mesmo autor.

Sugestão de Leitura

Mírgorod é um livro fantástico sobre o fantástico. Inclui três grandes contos: “Um casal à antiga”, “Víi” e “História de como se zangaram Ivan Ivánovitch e Ivan Nikiforovitch”, e a famosa novela “Tarás Bulba”. Este livro de Gógol aprofunda o carácter contraditório do ser humano, sugerindo o antagonismo dos sentimentos e atitudes entre o triste e o cómico, o medíocre e o grandioso, o estúpido e o comovedor, o real e o fantástico.

Ana Moura e Ricardo Pereira enriquecem o espaço da Casa da Música, no Porto, com as sua interpretações. Ana Moura apresenta o álbum "Para além da Saudade" e Ricardo Pereira acaba de editar o seu primeiro disco, uma interessante homenagem ao mestre da viola Fernando Alvim, com o título "Nas Veias de uma Guitarra".

Soube, através da leitura de outros blogues, que a editora Labirinto publicou o folhetim Minotauro. Trata-se de uma folha de intervenção artística (única no espaço literário e cultural do nosso país), e assume-se com grande imponência no mundo das artes, sobretudo da literatura. O seu mentor é o já conhecido escritor Pompeu Miguel Martins.

Hoje foi publicado um estudo norte-americano sobre o benefício do café. Desta forma, foram mais uma vez os ratinhos que permitiram a investigação. Para aqueles que não dispensam a especiaria, fica o apontamento: ao tomarmos duas chávenas de café e fazermos exercício físico com regularidade pode contribuir para a prevenção do cancro da pele.

Aproveitemos, pois, o Verão!

Os átomos articulam-se e ordenam-se.

Dessa ordem nasce o caos.

Átomo em Movimento

Hoje sento-me numa cadeira vulgar, mas confortável à espera que algo mude. Sinto os dia pesados. Sinto-os como uma partícula semelhante ao átomo, último grau da divisão da matéria. Contudo, sempre refutei o sentimento de espera que algo aconteça, pois soa a incapacidade, inércia e dependência.

Dedico assim o dia ao pensamento destes versos

- E nada mais somos do que o poema onde as

crianças

se distanciam loucamente.

Herberto Helder