Natal com afectos

A editora Labirinto lançou ontem, sábado, mais um "afecto". Este, condizente com a época, traz-nos um bocadinho daquilo que é o Natal para cada um dos artistas que nele participam. Deixo-vos esta sugestão e desejo boas festas para todos os visitantes deste blog.

Herberto Helder... o regresso

A RTP2 apresentará sábado, dia 22, um documentário biográfico sobre um dos grandes poetas contemporâneos, Herberto Helder. Devemos lembrar-nos que a sua última entrevista aconteceu no ano de 1968. O documentário intitula-se "Meu Deus faz com que eu seja sempre um poeta obscuro" e conta com a participação de 29 pessoas a darem o seu depoimento. António José de Almeida é o realizador deste documentário.

Buraco negro em desacato com uma galáxia vizinha

As imagens foram enviadas pelos telescópios Chandra, Spitzer e Hubble

Os telescópios da NASA detectaram um buraco negro cujas partículas estão a atingir e a destruir uma galáxia vizinha. Este facto foi hoje anunciado pela agência espacial norte-americana.

Anthony Braxton e o seu jazz vanguardista

Anthony Braxton, um histórico do jazz vanguardista, é um dos músicos norte-americanos que mais tem procurado os pontos de contacto entre o jazz e a música contemporânea erudita. Nas quatro décadas da sua carreira, a influência de compositores como Schönberg, Stockhausen ou Cage está tão presente como as referências incontornáveis do saxofone jazz - Warne Marsh, John Coltrane, Paul Desmond. O septeto de Anthony Braxton traz à Casa da Música um jazz avant-garde muito personalizado, que celebra ao mesmo tempo a liberdade e a elaboração das músicas dos últimos 50 anos.

Segunda, 28 Janeiro, 2008, pelas 22:00, Sala Suggia

Texto retirado do site Casa da Música

Esta noite as estrelas voltam a actuar no palco do céu

Vale a pena perder umas horas de sono a contemplar o céu. Esta madrugada, pelas 2h20 será possível ver os “detritos” largados pelo Asteróide Faetonte, num período em que a Terra cruza a sua órbita e oferece uma "chuva de estrelas".

A Cidade da Utopia

Paul Otlet

A cidade ideal é algo que sempre fez florescer a criatividade de filósofos, artistas e escritores. A necessidade de criar um espaço utópico surge imposto por uma mescla de sentimentos que vão desde o desejo até às desilusões sociopolíticas da sociedade ocidental. A criação de um espaço ideal emerge, na maioria das vezes, da crítica directa ao presente, aos seus hábitos e instituições. Paul Otlet é o responsável por alimentar o projecto de uma urbe maravilhosa que pudesse de algum modo acolher todas as instâncias do conhecimento. Estamos a falar de uma cidade mundial, humanista e pacifista, destinada a hospedar num único lugar, tão global quanto apátrida, instituições políticas, associações internacionais e centros de conhecimento, tendo sempre em vista cessar os eventuais confrontos que possam surgir. No centro da grande cidade, ficaria o Mundaneum, edifício reflexivo que Otlet encarava como “uma máquina para pensar o mundo”. Porém, essa quimera persiste nos dias de hoje, em Mons, na Bélgica. Resta-nos acreditar que um dia seja accionada a máquina do tempo, cotejando as diferentes hipóteses de vida em comum propostas já por Platão, Júlio Verne ou Thomas More.

Marte agora um pouco mais conhecido

Os robôs de superfície da NASA, em Marte, Spirit e Opportunity, para além de continuarem activos, têm enviado para a Terra informações inéditas sobre a constituição do planeta vermelho. Tudo isto, mesmo já tendo superado quinze vezes a longevidade para que foram construídos e programados. Numa das maiores descobertas feitas desde a sua chegada a Marte, em Janeiro de 2004, o Spirit revelou agora que o solo de Marte esconde sílica, um composto que forma o quartzo, o mineral mais comum na Terra, associado à existência de microrganismos.

Angelika Kirchschlager e Orquestra Gulbenkian

A versatilidade e a força dramática estão entre as maiores qualidades da meio-soprano austríaca Angelika Kirchschlager, que vai estar na Gulbenkian, Lisboa, a 13 e 14 de Dezembro.

BES Revelação 2007

Catarina Botelho

Os três vencedores do prémio BESRevelação deste ano - Catarina Botelho, Ivo Andrade e Pedro Neves Marques - expõem, como de costume, na Casa de Serralves, no Porto.

O seus trabalhos irão estar expostos até 13 de Janeiro.

despossessão

i. Meu
apenas o pronome
me diz que é possessivo
de resto
sei que não tenho nada.

Declinações da Alma

i. O nominativo de alguém
procura encontrar-se
no universo das coisas vãs.
O encontro não se deu
ainda…

ii. O vocativo chama.
Como resposta,
apenas o vazio.

iii. O quê?
Pergunta alguém
na tentativa de encontrar
um acusativo que o afague.

iv. Das coisa não resta nada,
o genitivo sucumbe
à perplexidade do não encontro.

v. As respostas tardam.
A quem mais fazer perguntas?
O dativo não se manifesta
o vazio toma o espaço.

vi. No universo
do lugar,
do tempo
o ablativo não surgiu
a frase não se compôs
a procura continua…

Hoje, na declinação da alma, vocativo do corpo, não se obteve respostas nas certezas da gramática, porque ela (a gramática) não é mais do que o jogo da cabra-cega. A capacidade de indeterminação do que está para além do simples corpo é surpreendente e faz-nos perceber que a certeza não existe.

Au Revoir Simone

Não há muitas bandas assim. Trios femininos há poucos. E não é qualquer projecto que consegue impressionar um realizador como David Lynch. As Au Revoir Simone conseguiram isso, as palmas da crítica e muito mais. Ainda são pouco conhecidas por cá, mas os mais atentos já sabem que esta estreia não lhes pode passar ao lado. Santiago Alquimista, Lisboa, 5 de Dezembro.As três responsáveis são Erika Foster, Annie Haet e Heather D'Angelo, autoras em teclados e máquina de ritmos de uma indie-pop em formato electrónico, com uma elegância só ultrapasssada pela chama etérea e onírica. Primeiro, veio "Verses of Comfort, Assurance & Salvation", lançamento discreto que não passou, contudo, despercebido. Lynch adoptou-o como a sua maior preferência e a série televisiva "Anatomia de Grey" foi ali buscar parte da sua banda sonora. Este ano, chegou aos escaparates o segundo trabalho, "The Bird of Music".

Local: Café Teatro Santiago Alquimista, hoje às 22:00h.

Texto extraído de Público.pt

Diego Rivera

No Sintra Museu de Arte Moderna, estão em exposição obras pertencentes à Colecção Berardo, de artistas da América Latina. Trata-se de uma boa oportunidade para explorar a pintura e escultura de criadores como Diego Rivera, David Alfaro, Roberto Matta, Guillermo Kuitca, Ernesto Neto ou Adriana Varejão.

Os trabalhos destes artistas estarão expostos até 30 de Abril.

"a metade louca do mundo"

Há já algum tempo que penso escrever sobre um livro que me marcou nos últimos meses. Refiro-me ao Capricho 43 de Carlos Vaz. O livro inicia de forma bem definida – existem diferentes tipos de fios: os que se prendem à realidade cognoscível, os que servem para saltar à corda, e os que mostram o caminho de uma realidade textual. A partir daqui, entre nós, fios e cordas, o narrador leva-nos para uma viagem surrealista num tanque, que afinal é um barco, que navega com a ajuda de uma vela, que afinal é um lençol. O leitor, sem contar, é surpreendido e enredado pelo nó da imaginação. Este sentimento é contínuo da primeira à última página. Todavia, aquele que lê tem que ser especial, deve entrar no tanque e acreditar que é um barco e torna-se imperioso trazer consigo o desejo de encontrar a metade louca do mundo…

A propósito, hoje sinto-me como o homem, uma das figuras que habita o corpo do livro, cujo desejo é sair daquela ilha, abandonar os pesadelos e procurar a metade louca do mundo. Neste momento, seria muito bom encontrar essa metade para que tudo fizesse um maior sentido, para que pudesse abandonar esta sociedade de Homens sabidos e partir, de forma a poder ver a ilha como um pequeno nó.

A vida é demasiado interessante

para assegurar o poder imposto

por uma sociedade de Homens

certos dos passos que tomam.