terça-feira, 4 de dezembro de 2007

"a metade louca do mundo"

Há já algum tempo que penso escrever sobre um livro que me marcou nos últimos meses. Refiro-me ao Capricho 43 de Carlos Vaz. O livro inicia de forma bem definida – existem diferentes tipos de fios: os que se prendem à realidade cognoscível, os que servem para saltar à corda, e os que mostram o caminho de uma realidade textual. A partir daqui, entre nós, fios e cordas, o narrador leva-nos para uma viagem surrealista num tanque, que afinal é um barco, que navega com a ajuda de uma vela, que afinal é um lençol. O leitor, sem contar, é surpreendido e enredado pelo nó da imaginação. Este sentimento é contínuo da primeira à última página. Todavia, aquele que lê tem que ser especial, deve entrar no tanque e acreditar que é um barco e torna-se imperioso trazer consigo o desejo de encontrar a metade louca do mundo
A propósito, hoje sinto-me como o homem, uma das figuras que habita o corpo do livro, cujo desejo é sair daquela ilha, abandonar os pesadelos e procurar a metade louca do mundo. Neste momento, seria muito bom encontrar essa metade para que tudo fizesse um maior sentido, para que pudesse abandonar esta sociedade de Homens sabidos e partir, de forma a poder ver a ilha como um pequeno nó.

Sem comentários: